domingo, 2 de agosto de 2015

Livros raros encontrados na Biblioteca de Acervos Especiais da Unifor

Fonte: ENSINANDO E APRENDENDO

Biblioteca reúne obras consideradas raríssimas. Acervo é dividido por assuntos como Literatura, Artes, Biografias e Direito.

Nacionalmente reconhecida como uma das maiores fomentadoras da apreciação da arte, a Universidade de Fortaleza, ao longo dos anos, trilhou um sólido caminho de estímulo às manifestações artísticas e à cultura. Seguindo esse caminho, a Fundação Edson Queiroz colocou à disposição do público em geral, a Biblioteca de Acervos Especiais. Localizada no primeiro piso da Reitoria da Unifor, a biblioteca abriga um acervo composto por cerca de 9 mil volumes, divididos por assuntos como Literatura, Artes, História do Ceará, Biografias, Direito, entre outros.

De acordo com a curadora responsável pela biblioteca, Simone Barreto, o local é dividido em dois espaços. O primeiro recebe exclusivamente os livros correspondentes à parte da biblioteca particular de Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo Matarazzo, um dos principais mecenas da história do Brasil e fundador do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) e criador da Bienal Internacional de São Paulo. Ao todo, são mais de 3 mil exemplares.

Já a segunda sala abriga demais livros adquiridos pela Fundação Edson Queiroz, além de doações. “Eles são considerados especiais, pois se diferenciam de alguma forma. São raros, pela encadernação, pela data, pelo autor ou mesmo pelo histórico da coleção, quem era o colecionador ou o organizador, por exemplo”, explica Simone.

Dentro da rara coleção de livros que pertenceu a Ciccillo Matarazzo é possível encontrar a primeira edição, datada de 1750, da “Opere Varie di Architettura”, de Giovanni-Batista Piranesi, considerado o maior gravador do século 18. A obra traz a série completa de gravuras dos cárceres de Roma.

Edições assinadas por modernistas como Marc Chagall e Max Ernst também compõem a coleção. Também merecem destaque “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego, com ilustrações originais de Cândido Portinari. O álbum “Miserere”, do artista Georges Rouault, com 58 litografias de grandes dimensões e “As Vidas dos Pintores, Escultores e Arquitetos”, de Giorgio Vasari, pintor e arquiteto italiano conhecido principalmente por suas biografias de artistas italianos.

Outra presença importante para a composição é a coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, formada pelos 23 volumes realizados na época, o que a torna completa.

“Estes livros contêm algo de artístico, como uma ilustração ou uma encadernação mais antiga e trabalhada com iluminuras. Há livros de história em que as ilustrações são feitas com pigmento de ouro. Livros com aquarela feita à mão, com gravuras originais. Isto é, todo o acervo está voltado para a arte”, conta Simone Barreto.

Restauro e Conservação

De acordo com a curadora Simone Barreto, muitos dos livros da biblioteca precisaram passar por um processo de restauração. “Em um acervo tão rico, a manutenção nunca para”, conta. Por esse motivo, a Universidade criou o Setor de Conservação e Restauro. O local trabalha com a conservação preventiva e a conservação reparadora ou restauro. “Tudo vai depender do diagnóstico que fazemos da obra”, explica o restaurador Luis Gerônimo.

Entre os procedimentos destinado ao tratamento, resgate estrutural e recuperação do livro estão a realização de remendos, aplicação de lombadas, remoção de fungos e ferrugens, reestruturação de suportes, remontagem, costura, reforços, velaturas e encadernação. A restauração artística é um trabalho meticuloso, que exige habilidade e paciência. “Temos livros de 500 anos. Imagine só pelo que ele já passou!”, observa Francisco Gomes.

“Existem bibliotecas que não restauram. Isso vai depender do objetivo de cada uma. A nossa biblioteca é acessível ao público, então precisamos prezar pela conservação das obras, para que elas possam ser manuseadas”, finaliza Simone Barreto.

Vale ressaltar que a biblioteca é mantida em condições especiais para evitar a degradação dos livros. Climatização constante, ambientação e mobiliário adequados, limpeza com procedimentos e materiais especiais, inspeção contra presença de insetos, confecção de caixas para guardar obras mais sensíveis, entre outras medidas.

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