Com a popularização dos tablets, o empréstimo de livros virtuais virou um desafio para as bibliotecas.
Com a popularização dos e-readers (leitores
eletrônicos) entre alunos, o empréstimo de livros nas escolas brasileiras passa
por um processo de adaptação. Colégios públicos e particulares investem e
incentivam o uso de tablets e similares, e os estudantes começam a se
familiarizar com a leitura de textos virtuais em dispositivos portáteis. Mas
como as bibliotecas estão lidando com essa nova plataforma de leitura?
Na
15ª Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, ocorrida no início de setembro, dois
dias foram dedicados à discussão do papel da biblioteca no empréstimo de
e-books, da democratização no acesso à leitura e dos desafios impostos com o
surgimento de novas tecnologias, um cenário inimaginável há menos de duas
décadas, quando existiam poucos aparelhos e eles ainda eram grandes e caros.
Conforme
explica o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim há duas
linhas principais em estudo que se apresentam como possibilidades para
implantação de uma biblioteca para empréstimo de e-books no Brasil. "Uma
delas, que vigora na Europa e nos Estados Unidos, indica o empréstimo de livros
que são baixados e, depois de alguns dias, desaparecem do suporte utilizado, fazendo
com que termine o prazo de uso. A outra se daria por meio do ciberespaço, da
chamada 'nuvem'. Dentro desse conceito, os livros ficariam em uma rede
disponível a todos e o leitor não chega a baixar os arquivos. Neste caso,
haveria a necessidade de pagar uma mensalidade para que o usuário acessasse as
obras".
Desde
o último dia 5, a Gol Editora já disponibiliza uma biblioteca virtual no
endereço www.nuvemdelivros.com.br. "Temos dados que nos propiciam fazer
uma biblioteca em nuvem no Brasil, e fazendo com que isso seja popular. O País
é o terceiro mercado de computadores do mundo e tem a quinta maior planta de
celulares, com mais aparelhos do que habitantes. Esses são fatores que
favorecem a implantação de uma rede para a leitura virtual", afirma Jonas
Suassuna, presidente do grupo, que pretende disponibilizar seis mil obras a
partir de outubro ao custo de R$ 0,99 por semana.
Esse
modelo, no entanto, não é unanimidade. "O Brasil é um País muito grande e
com peculiaridades bem distintas em cada região. Creio que para alcançarmos a
tão falada inclusão digital, o ideal seria que o empréstimo de livros virtuais
fosse gratuito, como nas bibliotecas convencionais", detalha a professora
do curso de biblioteconomia da Universidade Federal de Brasília (UnB), Mônica
Regina Perez.
Os
piratas do Brasil
Segundo dados da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos, quase 200 mil
downloads ilegais de livros foram realizados no País nos últimos dois anos por
meio de 50 mil links "alternativos". "Na França, em 2010, o
número de livros pirateados foi de, no máximo, 3%. Ou seja, existe segurança
para que o empréstimo e a comercialização não sejam irregulares", comenta
Amorim.
Sócia-proprietária
do site de hospedagem e gerenciamento virtual de livros Alexandria Online,
Raquel Mattes acredita que o download ilegal é "uma resposta ao preço
caríssimo das obras". "Durante o governo Lula, os livros foram
desonerados de qualquer imposto e, mesmo assim, os preços não baixaram. Esse
tipo de pirataria só pode ser combatido, quando tivermos preços acessíveis à
população”, diz.
Para Suassuna, a utilização da nuvem seria
uma forma de combater a pirataria, já que não é possível baixar o livro e,
assim, não daria para copiá-lo.
Livros
na rede sem qualquer custo
Enquanto se discute a melhor forma de
distribuição do conteúdo, projetos como o Domínio Público
(www.dominiopublico.gov.br), do governo federal, que disponibiliza, por
exemplo, a obra completa de Machado de Assis, e o Gutenberg
(www.gutenberg.org), em inglês, que busca a democratização da leitura por meio
da distribuição gratuita de livros em formato digital, ganham espaço. Em ambos
os casos, são colocados à disposição do internauta obras cujos direitos
autorais já estão liberados para uso.
Com
uma proposta um pouco diferente, o Scridb (pt.scribd.com) se anuncia como
"o maior clube do livro do planeta". Nele, o leitor compartilha
textos com outras pessoas e pode, assim como nos sites já citados, encontrar
algumas obras de livre circulação. O problema segue sendo as obras
"fechadas", cujo interesse econômico por trás ainda vigora.
Empreste um livro para um amigo
Para esses casos, ainda existe a possibilidade de uma troca entre amigos, que
segue viva nas plataformas virtuais. O mais popular leitor de e-books da
atualidade, o Kindle, da Amazon, permite o empréstimo de livros virtuais desde
novembro do ano passado. O processo é feito de um equipamento para o outro. O
usuário que empresta fica 14 dias sem acesso à obra para que o amigo possa ler.
“Depois desse tempo, ela é bloqueada para quem pegou emprestada e devolvida” ao
dono. Processo muito semelhante a um empréstimo de um livro de papel.
Independentemente
da postura adotada, o importante é procurar uma adequação às mudanças que a
tecnologia impõe ao hábito de ler. "A biblioteca precisa buscar
alternativas para se adaptar a esse processo. A tecnologia está disponível em
qualquer lugar e a qualquer momento, e não necessariamente onde está a
biblioteca. Logo, ela não pode mais esperar que o usuário vá até a instituição
para buscar títulos ou realizar pesquisas, ela precisa ir onde o leitor estiver,
disponibilizando obras raras e coleções exclusivas, para atrair o mesmo",
ressalta o professor de tecnologia da informação da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES), Antônio Luiz Mattos.
A
biblioteca da UFES já começou a selecionar obras para compor seu acervo de
livros virtual.
Comentário
Esta é uma notícia que data mais de um ano atrás, porém já expressava a preocupação de muitos a respeito do que viria a acontecer quanto aos empréstimos de livros digitais e certamente ainda continua a ser abordada, talvez não tanto quanto no ano anterior, mas certamente ainda são levantadas questões quanto a este assunto que requer atenção.
Fonte Terra
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